Os pais são, muitas vezes, contraditórios. Sabe quando eles querem fazer você crescer mentalmente quando bem entendem? Você está sentado, tem nove anos, e está vendo Pokémon. Seu pai passa pela sala e te olha com um olhar de reprovação, colocando as mãos na cintura e acenando negativamente com a cabeça. A partir desse momento você já se sente um merda desocupado. Então ele manda você desligar a TV porque está desperdiçando seu futuro com aquilo. Agora me diga: como alguém pode de alguma forma, desperdiçar o futuro?
Teoricamente, você só pode desperdiçar algo que você possui, e, pelo menos eu nunca vi, é complicado encontrar alguém com posse do futuro. Cada etapa da vida tem suas peculiaridades e experiências únicas, que devem ser vividas, independente de a vivermos de maneira correta ou não. Se não aprendemos acertando, aprendemos com nossos erros. Não é porque uma criança de nove anos adia seu dever de casa pra ver TV que o futuro dela foi por água abaixo.
Essa constante necessidade dos pais de “adultizar” a criança acaba sendo prejudicial. A mãe coloca a filha desde pequena para participar de concursos de miss mirim, belezinha, garota topzinha. À medida que ela cresce, acaba sendo mais precoce que suas amiguinhas de colégio em certos pontos, e depois os pais reclamam, dizendo não saber onde erraram. Eu sei. Erraram na hora que colocaram uma minissaia e um top brilhoso na sua filha de sete anos.
Recentemente, descobri uma nova moda no mundo jovem, o “Colírio da Capricho”. Basicamente, são jovens sem nada pra fazer, que utilizam da única coisa na vida que tem alguma importância: a beleza (que por sinal vem de nascença). Vários rapazes enviam fotos e mais fotos, fazendo caras e bocas para o site, onde as meninas que acessam (acredite, têm MUITAS) votam nos mais bonitos. Pra quê? Para o rapaz ter a possibilidade de provar, através de uma estatística de votação do site, que é bonito. Alguém que precisa tanto de aprovação por parte das pessoas assim não merece meu respeito. Desculpe.
Alem da “adultização” física, existe a mental. Pais tão preocupados com o futuro dos filhos, que se esquecem do bem-estar e felicidade deles. Grandes exemplos são os “CDF´s” de colégio, todos intimidados pelos pais, que além de estudar pela manhã na escola, estudam matéria nova a tarde em casa, e revisam o estudo do dia pela noite. Onde o “jogar bola” se encaixa aqui? Onde o “encontro com garotas” se encaixa aqui? Viver o que a vida oferece pode não fazer seu futuro promissor, mas com certeza te dá formação empírica, onde coisas importantes também nos são ensinadas.
Vestibular virou um bicho de sete cabeças. Crianças e jovens que crescem com esse tipo de pressão constante, tendem a não serem pessoas muito felizes. De que adianta estudar para conseguir um excelente trabalho, ganhando muito mais do que a média, se você não tem idéia de como aproveitar sua recompensa? Esse prejuízo psicológico não se instala e morre nessa pessoa, ele se espalha por toda uma geração.
Filhos de pais ricos sem noção de até onde a diversão pode ser saudável tendem a ultrapassar os limites. Se os pais não ensinam o certo, quem vai ensinar? Vamos levar em conta uma pessoa de 35 anos, que curtiu a juventude ao máximo, aprendeu com seus erros e agora leva uma vida de responsabilidade, com trabalho e família. Esse indivíduo pode não ter o melhor emprego do mundo, o carro do ano ou aquela casa no centro, mas com certeza tem vivência o suficiente para passar aos seus filhos o conhecimento e segurança que eles precisam para crescer.
Não estou dizendo que concursos de beleza e estudo demais prejudicam alguém, não. Estou dizendo que é preciso balancear responsabilidades e diversão, absorvendo o que ambos têm a oferecer a você. Cada fase da vida tem sua leva de ensinamentos, no nível e na capacidade certa, só esperando você aprender, pra depois ensinar.
'Eight hours labour, eight hours recreation, eight hours rest' [Thomas Embling]
ResponderExcluirO equilíbrio é básico para a sobrevivência do ser humano. TUDO em excesso faz algum mal.
Um dos poucos textos em que concordo INTEGRALMENTE contigo! Muito bom!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirFato isso. Mesmo com 21 anos, minha mãe me chama de bebê (irritante isso, por sinal), mas tem horas que diz q eu tô muito velha pra isso, pra aquilo... eles não sabem diferenciar quando somos novos ou velhos. Espero n ser assim quando eu for mãe. Vou deixar a criança aproveitar cada fase da sua vida, no momento certo, com as atitudes certas!
ResponderExcluirbelo texto, vinicius!
Eu só discordo nessa parte aqui:
ResponderExcluir"Grandes exemplos são os “CDF´s” de colégio, que além de estudar pela manhã na escola, estudam matéria nova a tarde em casa, e revisam o estudo do dia pela noite. Onde o “jogar bola” se encaixa aqui? Onde o “encontro com garotas” se encaixa aqui?"
Você não pode se esquecer daqueles alunos que realmente gostam de estudar. Que se sentem felizes estudando, que não vêem graça em uma partida de futebol e que tem como sonho trabalhar para uma empresa grande e que só contrata estudiosos e profissionais impecáveis.
A visão do que "é divertido" deve ser encarada com esse cuidado, para que voce não condene uma conduta que possa só gerar coisas boas praquela criança. "Ele não está aproveitando a vida dele", quem somos nós para dizer?
Osmar Júlio, a parte dos CDF´s é mediante àqueles alunos que estudam o dia inteiro por pressão do pai, como mostra a essência do texto. Pessoas que realmente gostam de estudar, se encaixa em outro texto meu: http://migre.me/xUvs Aqui fala sobre a felicidade de cada um!
ResponderExcluirparabéns!!!
ResponderExcluirVini...
ResponderExcluireu concordo contigo em tudo que escreveu! Mas têm um porém... que inclusive eu sempre reforço com minhas alunas! Os pais podem ser repressivos e mandar e desmandar até determinada idade. Hoje em dia meninas e meninos com 12 anos já se acham homenzinho e mulherezinhas que querem namorar de verdade (não só na escola), chegar no horário que bem entendem, escolher roupas, se vão ou não a lugares e ainda batem porta do quarto na cara dos pais!
Logo, essa idéia de "forçar" a criança a alguma coisa é muito relativo! Tenho como exemplo minha família. Minha irmã fez curso técnico e faculdade em determinada área por influência de meu pai. Mas porque ela permitiu, ela fez a opção dela! Hoje ela é grata pelo salário que têm, mas não é uma profissional que faz por amor e com prazer o seu serviço!
A partir de determinada idade fica a nosso critério seguir caminhos pré definidos! Paga-se um preço por não seguí-lo, mas vai da personalidade de cada indivíduo!
@BrunnoFagundes Como eu sempre digo Vini... você sabe muito bem usar as palavras e por nelas pedaços do que você realmente está sentindo mas quero que saiba que pessoas que ganham admiração por sua beleza são esquecidas! Mas pessoas que ganham admiração por serem quem são assim como você e ganham admiradores por algo mais como inteligência são recordados pra sempre ...
ResponderExcluirExcelente texto!
concordo em todas a palavras com isso:
ResponderExcluir"Recentemente, descobri uma nova moda no mundo jovem, o “Colírio da Capricho”. Basicamente, são jovens sem nada pra fazer, que utilizam da única coisa na vida que tem alguma importância: a beleza (que por sinal vem de nascença). Vários rapazes enviam fotos e mais fotos, fazendo caras e bocas para o site, onde as meninas que acessam (acredite, têm MUITAS) votam nos mais bonitos. Pra quê? Para o rapaz ter a possibilidade de provar, através de uma estatística de votação do site, que é bonito. Alguém que precisa tanto de aprovação por parte das pessoas assim não merece meu respeito. Desculpe."
Gostei mto do texto!
ResponderExcluirRealmente hj em dia não se curte mais a infância!
As crianças não sabem mais brincar na rua jogar bola, cair, se ralar!
Mas pq essa implicância com os cdf's?
Tem gnt q curte estudar, tm gnt q os pais obrigam, tem qm se mata d estudar em casa, tem qm simplesmente já aproveitou a escola de manhã e vai fazer outras coisas a tarde.
E cdf não gosta só de escola e é mto chato td mundo pensar q vc só vivem em fç daquilo, qm é bom aluno tb curte sair, zoar, dançar, etc... Como qualquer criatura normal!