Eles eram um casal comum. Moravam juntos, e tinham um cachorro. Seus nomes eram Maria e Diogo. Eram felizes, ambos tinham empregos e amor. Não precisavam de muito dinheiro e nem de muito luxo, pois tinham um ao outro. Havia apenas um problema: Maria não podia ter filhos. Cinco anos atrás, ela foi ao médico para perguntar por que não engravidava, e descobriu que tinha um problema. Uma pena, pois tudo que ela mais quis era ser mãe.
Um belo dia, conversando com alguns amigos, um deles disse que era voluntário em abrigos e orfanatos, e propôs a idéia da adoção. Maria no início relutou, mas depois foi se empolgando com a possibilidade de ser mãe. Falou com seu marido, Diogo, e marcaram um dia para visitar as crianças orfãs.
No grande dia, o casal se dirigiu ao orfanato e se encantou com a quantidade de crianças que vivia naquele lugar. Eram meninos e meninas de todas as raças, idades e tamanhos. Maria ficou deslumbrada com a idéia da adoção, e foi conhecendo as crianças, uma por uma. Passada meia hora, Maria percebeu uma menina, linda, de cabelos claros, sentada no balanço, brincando com um pedaço de pano entre os dedos. Devia ter oito anos, mas mostrava um ar de superioridade. Maria logo se identificou e foi falar com ela. Seu nome era Sara.
Poucas palavras e muita emoção foram o suficiente para Maria aceitar essa experiência de finalmente ter uma família. Os três saíram de lá direto para o lar, pensando em como suas vidas mudariam a partir daquele momento. E mudou muito.
Sara era inteligente, mas não gostava de estudar. Tirava notas baixas por falta de atenção, e tinha várias faltas no colégio. Maria e Diogo a repreendiam praticamente todos os dias, falando da ingratidão que a menina tinha. De noite, Sara ia para o quarto, onde sua nova mãe entrava para pedir desculpas, e as duas se abraçavam, reprimindo ainda alguns sentimentos.
Uma vez, seus pais viajaram, e deixaram Sara, que já tinha 14 anos, sozinha em casa. Ela convidou alguns amigos mais velhos da escola para uma festinha de noite, onde comprara bebidas e cigarros. A festa rolou praticamente até amanhecer, tarde o suficiente para Diogo e Maria, que chegaram mais cedo, pegarem a pequena Sara no flagra, bebendo e fumando com seus colegas. A briga foi feia, Maria praticamente a expulsou de casa e disse que não sabia por que a tinha adotado. Dessa vez não houve pedidos de desculpas no meio da noite, nem na noite seguinte, nem na outra.
Após alguns dias sentido dores, Sara foi se consultar no médico, e, para tristeza de todos, foi diagnosticada com câncer. O médico determinou que, com tratamento, ela tinha 20% de chances de sobreviver. Então começaram as medicações. Sara não saía do hospital, assim como Maria. As duas estavam sempre juntas, conversando, rindo, como nunca fizeram na vida. Maria trazia livros e histórias de terror para ler para Sara, que adorava todas as encenações que sua mãe fazia. Toda noite, quando as duas dormiam, Sara dava discretamente um beijinho na barriga de Maria, e dizia no seu ouvido que ela não precisava ter saído dali para ser filha dela.
Passados seis meses de tratamento, o médico disse a Maria que não havia mais nada que eles pudessem fazer, e que Sara tinha no máximo uma semana de vida. Dessa vez não houve histórias de terror, nem risadas de conversas bobas. Maria passou as últimas noites agarrada com sua filha, pedindo perdão por todas as coisas ruins que ela falou. Sara apenas respondeu: “Mãe, você não precisa pedir desculpas. Eu que sou grata pela oportunidade que vocês me deram de ter uma família pelo menos na vida que me restava. Vocês terão outro filho e serão muito mais felizes com ele!”. Dois dias depois, Sara faleceu.
Maria e Diogo viveram meses de tristeza e solidão após a morte de Sara. Não havia mais que acordar pra levar na escola, ou não dormir pra pegar de volta na festa. Não havia mais apresentações de trabalho, nem preocupações com garotos. Estavam totalmente desacreditados que pudessem ser completos de novo da mesma forma que foram. E foi então que aconteceu: quatro meses depois da morte de Sara, Maria engravidou. Alguns médicos disseram que foi um milagre, outros disseram que foi erro de diagnóstico desde o início. Mas não importava, a vida recomeçaria de novo. E Maria sorrira novamente, não apenas por esperar um novo bebê, mas por perceber, na verdade, que Sara... Sara era um anjo.
Nossa Vinicius, você de parabéns! O texto é ótimo, aguardo por outros textos.
ResponderExcluirÓtima semana, ;)
Beijos
Lindo texto Vini!!!!! Excelente =)
ResponderExcluirParabéns
bjos
Lindooooo. quase choro. muito bem escrito
ResponderExcluirparabens pelo texto e pelo selo, mais que merecido
Estaís de parabéns Vini, mt bem escrito o texto, adorei!
ResponderExcluirGrande beijo =***
parabens primo, amei o texto!
ResponderExcluirlindo lindo lindo , amei ;*
ResponderExcluirnao gostei
ResponderExcluirmuito sentimentalismo
Uma história comovente. Não entendi a parte do anjo, pois nos textos anteriores você diz que não acredita em Deus. O mais importante é a lição que traz o texto no sentido de dar importância para as pessoas antes de estarem próximos de perdê-la. O hoje é agora, e deve ser aproveitado compartilhando-se com seus entes queridos, por mais errados que eles possam parecer.
ResponderExcluirMuito lindo!!!
ResponderExcluirGostei demias!!!
Vc tem talento!
Muito lindo o texto! Vc se baseou em algo para escrevê-lo?
ResponderExcluirAbraços