3D: a evolução do cinema (e do marketing também)

Ah, o 3D! A grande revolução do cinema atual está surpreendendo todo mundo por atingir uma qualidade visual que muitos achavam ser inatingível. O cinema 3D criou um padrão de filmes que, depois de um tempo, assistir um filme convencional não vai suprir todas as suas necessidades cinéfilas. Porém, o que era pra ser um avanço comum, se tornou uma jogada de marketing.

A única obra que foi produzida visando REALMENTE ser em 3D, desde a filmagem, até a edição final, foi Avatar (fora os filmes de animação). Os outros filmes que estão em 3D nos cinemas foram adaptados a esse novo estilo. Pode-se dizer então que Avatar foi o grande trunfo do novo estilo de assistir cinema!

Devido a isso, produtores perceberam que o 3D chama grande público só pelo FATO do filme ser em 3D. Aquela curiosidade, aquela animação, aquela inovação. O pessoal se mobiliza para assistir um filme que, muitas vezes, nem fazem questão de saber do que se trata: 3D é o único fator importante agora.

Filmes e mais filmes estão sendo adaptados para o 3D apenas para chamar mais público. O resultado é: a experiência não é da forma que deveria ser. Compare a qualidade de “Avatar” com de “O último mestre do ar”. “Avatar” da uma lavada épica. Mas o “Ultimo mestre do ar” conseguiu também grande público por ser em 3D. É isso que importa para os produtores.

Piranhas

Fui assistir o filme em cartaz “Piranhas”, em 3D. Antes de o filme começar, confesso que estava completamente cético em relação ao longa, com total ciência de que o fator 3D foi o que mais me chamou a atenção. Entrei ao cinema, sentei na poltrona, coloquei meus óculos, e esperei a baboseira começar.

Logo no início, o filme trazia todos os clichês de um filme de terror trash: Mulheres gostosas seminuas, cerveja voando pela tela toda, sangue espirrando loucamente e um rapaz marginalizado da putaria que parece tomar todo o ambiente onde o filme se passa. Por um acaso do destino, Jake, o principal, conhece uma atriz pornô e seu diretor, que o chamam para mostrar o resto da ilha. Jake, que não é NENHUM pouco besta, vai.

A trama é simples: devido a um pequeno terremoto, uma fenda subterrânea se abre, soltando piranhas pré-históricas e famintas. Pessoas tendo seus membros arrancados, olhos esbugalhados, e pênis trucidados (sim, uma determinada parte do filme, as piranhas arrancam um pênis de um cara, comem, e depois arrotam) são extremamente comuns no filme. Policiais berrando, praianos gritando e peitos de fora dão o fabuloso toque de filme trash do ano.

Através de pitadas de drama, humor e seriedade, o filme conseguiu superar completamente minhas expectativas: Piranhas é um bom filme. Veja bem, porém: é um bom filme, seguindo sua linha de filmagem. Piranhas era pra ser um filme trash, e conseguiu com louvor. O melhor filme trash que já vi, tanto em termos técnicos, como em relação ao roteiro. Nota: 9,0.

3D

Apesar de todas essas vertentes em relação aos novos tipos de filme, o 3D só tem a nos beneficiar. Os produtores serão obrigados a atingir um padrão técnico mais elevado que os filmes atuais, além de que, a tendência ser: os filmes, cada vez mais, deverão ser filmados para SEREM em 3D, e não adaptados.

Avatar merece aplausos de pé pela qualidade visual. Os filmes de animação merecem sua parcela de atenção também. Os filmes que usam o 3D para chamarem público, beleza, faz sentido: apenas tenham qualidade em termos de filme. Não é porque uma merda foi adaptada para ser em 3D que ela vai deixar de ser merda: vai continuar fedendo.

Assistam Piranhas. Mas assistam Piranhas sabendo que é um filme TRASH, não levem a sério, apenas aproveitem as baboseiras e besteiras que o filme lhes oferece com uma qualidade surpreendente. Piranhas não é bom apenas por ter sido em 3D. Se fosse assim, o “Último mestre do ar” também teria sido um bom filme, quando não é.