
Estou começando a suspeitar que nem toda pessoa no mundo tem personalidade. Parece que algumas são feitas só pra enfeitar, tipo figurante. E faz sentido! Em um filme, geralmente tem um (ou dois) personagem principal, que tem alguma peculiaridade, algum problema muito ruim, seja o que quer que seja, alguma característica marcante. O resto, no filme, é apenas coadjuvante, figurante. E a vida é assim.
Imagina se você começa a assistir a um filme, e todos os 30 personagens são “principais”. Você teria que prestar atenção em tudo, pra não perder nenhuma parte do filme. Fora que ele duraria cerca de 30 horas (no mínimo), e você teria que possuir uma memória eidética. Assim seria a vida, se todos que você conhecesse (ou visse) fossem personagens principais.
Para isso, temos os “figurantes da vida” (como gostaria de chamá-los). Canso de dirigir pelas ruas, e passar, no mínimo, por uns 20 carros, do mesmo estilo, mesma cor, com o motorista da mesma faixa etária, com o mesmo tipo de roupa, ouvindo o mesmo tipo (senão igual) música. E todos eles, quando você para ao lado com o carro, te dão aquele olhar de galã de novela mexicana, e acelera o carro, querendo te mostrar que, nas ruas, a moral é proporcional a velocidade com que você corre quando abre o sinal. E não é só isso.
Saindo das ruas, mergulhando nos encontros sociais, com amigos, conhecidos, desconhecidos e penetras, vamos à questão da música. Eu toco violão, e adoro música! Meu estilo é, principalmente, Hard e Country Rock internacional (Ozzy Osbourne, Zakk Wylde, Trace Adkins, Tenacious D, entre outros). Então, quando eu toco alguma música, de algum desses grupos, o pessoal fala: “Não, toca aquela Resposta, do Skank!” ou então “Toca aquela, Im yours, do Jason Mraz!”. Sério. Todas as pessoas. Todas... Pergunto-me: Eles sabem que existem outras bandas? Por que sempre as mesmas músicas? Fico impressionado...
Saindo da música, indo para o mais íntimo, o relacionamento entre pessoas. Por essa, todo mundo já passou: Você tem um (um não, mais com certeza) amigo, que um dia você o encontra, e ele está com outro amigo. Logo, ele apresenta vocês dois, e depois de meia hora conversando com eles, você percebe que aquele amigo é tão vazio, que talvez ele só exista ali, naquele momento, e quando você for embora, ele vai deixar o mundo numa névoa branca. Aquele tipo que fala pouco, não ri (apenas sorri), não entende as piadas (às vezes, nem as conversas), fez cheat de dinheiro infinito (ou não tem dinheiro nenhum) e não tem irmãos (às vezes, essas pessoas têm até a mesma cara). Isso acontece comigo, quase sempre.
O que quero dizer é: eu acho isso engraçado. Ponto. Pessoas completamente ligadas às modinhas, ou pessoas completamente desligadas de qualquer característica marcante, são os figurantes da vida. E precisamos deles, e muito. Porque sem pessoas vazias, nós não poderíamos nos destacar. Como já dizia meu amigo biruta, Einstein: “A ciência sem religião é manca.”.